quarta-feira, 27 de maio de 2009

A atrás falada Glorinha...

Nunca, mas nunca me vou esquecer que por demasiadas vezes tentou matar a minha mãe e só não o conseguia porque as minhas tias davam por falta da irmã e iam à procura dela, encontrando-a já praticamente desfalecida nos braços daquela bruxa enquanto ela lhe batia. Mas a verdade é uma, ela só se metia com a minha mãe porque a minha mãe era a mais fraca de todas, tinha uma saúde debilitada, desde sempre que tinha bronquite asmático, e era só por isso que era ela a sacrificada. Não acham que é mesmo de ser bruxa? Meter-se com quem não se consegue defender?
Também nunca esquecerei as inúmeras vezes em que me chamou de bruxa… Andava eu no ciclo, cheia de complexos por causa daquela mulher… Adorava o meu cabelo, claro, comprido e encaracolado… Adorava-o mesmo e confesso que tenho saudades dele… Mas quando andava no ciclo (5º e 6º ano) andava sempre de cabelo apanhado porque mal o soltava lá estava ela a dizer que eu parecia uma bruxa… Ela devia era ter inveja do meu cabelo…
Tenho muitas parecenças com a minha mãe ao nível da personalidade, pelo menos eu acho, mas se há coisa em que somos mesmo diferentes, completamente diferentes é nisto: ela esquecia as coisas más mais rápido, eu, pelo contrário, vivo com elas a vida inteira. E a essa perfeita bruxa nunca hei-de perdoar e nunca hei-de conseguir olhar para ela como um membro da minha família, nem tão pouco como um ser humano que erra e que pode mudar… Porque ela nunca há-de mudar e deu provas disso no domingo durante o almoço… Detesto-a… Não sei como a minha mãe se conseguia dar com ela – eu mesma dizia muitas vezes à minha mãe que não percebia como é que elas se podiam dar quando a Glorinha a tentara matar tantas vezes… A minha mãe nada respondia…
Essa não faz cá falta nenhuma, não tem ninguém… Mas a minha mãe fazia… Está tudo ao contrário… Não sei o que é que ela continua cá a fazer, mas Deus há-de ter uma razão.
Lembro-me de, quando mais nova, perguntarem – a mim e ao meu irmão – se ela era nossa avó. Eu respondi prontamente que não, mas o meu irmão respondeu que sim…
Para ele ela é como uma avó, ou pelo menos foi como tal enquanto ele era pequeno. Acho bem ele gostar dela como se assim o fosse, mas não me peçam o mesmo, porque não consigo, não posso e a verdade é que também não quero. Ela nunca gostou de mim porque tenho eu de gostar dela? Ela nem nunca se deu ao trabalho de sequer tentar gostar de mim nem de fazer nada para meu bem. Era tudo Luisinho, tudo Luisinho e Lucindinha era só para lixar por trás… Pois é, o meu irmão sempre foi o menino querido dela. Já eu era a… Olhem, sei lá… Nem sei o que era para ela, devia ser uma pedra no sapato, um mal que desceu à terra… Segundo ela ao Luís nunca podia faltar nada, até o pequeno almoço – na altura da escola primária – iam os dois até ao café (entre 3, para variar…) tomá-lo para que o menino não fosse sem tomar o pequeno-almoço para a escola. Quem ler isto assim deve pensar que a minha mãe não nos dava pequeno-almoço… Dava sim, mas ela queria ir com o menino tomá-lo ao café. Não sei, se calhar pensava que a minha mãe punha veneno… Estou a gozar, claro…
Digam-me lá, como posso eu gostar de uma pessoa destas? Como podem sequer pedir que conviva com ela?
Pois bem, apenas tenho a acrescentar que sim, ela fez-me muito mal (e ainda o faz), mas que graças a Deus e aos meus pais, irmão, restante família, amigos e a mim mesma que não sou a pessoa que por ela seria. Não sou nenhuma “coitadinha”; não sou nenhuma revoltada, sempre recebi muito amor mesmo recebendo o ódio e desprezo dela; não nenhuma isolada; e não sou – muito importante – nenhuma bruxa!!!
Sou uma pessoa com convicções fortes, só mudo se quiser e não é porque os outros dizem que isto ou aquilo; não mudo por mudar, mas porque venho que terei mais vantagens ao adaptar o meu modo de ser com o dos outros; sou uma pessoa que se adapta relativamente bem às pessoas e às situações embora por vezes envergonhada; mais importante que tudo, não deixo de ser eu própria. Sou como sou e “ponto final”!!!
Sou uma pessoa que sofre com os sofrimentos dos outros, principalmente se são pessoas chegadas e mim e eu não posso fazer nada para ajudar; não suporto injustiças (que é o que mais há neste nosso mundinho) – e isso sim, deixa-me revoltada: a injustiça.
Penso que sou uma pessoa carinhosa e que tem um jeito de ser simples e atencioso. (Os meus amigos dizem que sou uma pessoa bastante calma e muito meiga – o que reforça a minha ideia!)…
E mais uma vez me alonguei… Mas já começam a estar habituados a isso… Estranho seria se fosse o contrário, não é? Certamente é o que dirão os meus amigos, pois eles sabem muito bem que eu sou “extensa” ao escrever…

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