segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Mais um dia sem ti...

Oh mãe...
Tenho tantas saudades tuas...
Em vez de diminuirem parece que aumentam...
Esta dor que não passa...
Mas porquê?
Entre lágrimas de saudade e desespero aqui estou eu...
É tão injusto, mãe... Tão injusto...
Porquê?
Não, não tinha de ser...
Quem disse isso? Não tinha. Não devia.
Tu devias estar aqui...
Aqui comigo, com o Luís e com o pai...
Aqui. Aqui é que era o teu lugar...
Porque partiste?
Porque nos deixaste aqui... Sem ti.
Tenho tantas saudades das nossas conversas - conversas essas que não posso ter com mais ninguém... Mais ninguém...
Tenho tantas saudades dos nossos passeios, de andarmos pelas ruas de mãos dadas... Tu eras a minha mãe... Mãe... Onde estás? Porque não estás aqui? Aqui comigo...
Tu não podias ter partido. Não podias...
Que é da minha vida sem ti?
Estou rodeada de amigos... Mas faltas tu. Tu eras a minha melhor amiga. A única pessoa a quem eu contava tudo... Tudo o que não podia contar a mais ninguém...
Só tu sabias os meus maiores defeitos, os meus maiores pecados...
Só tu sabias as coisas que eu menos gostava, que menos suportava...
Só a ti eu podia contar que esta pessoa disse isto ou que aquela fez aquilo...
Não tem lógica contar essas coisas a mais ninguém a não ser a ti...
Mas agora não estás cá... Agora de que me adianta contar-te se não me vais responder?
Ainda me lembro daquele dia...
Aquele dia que nunca devia ter acontecido...
Lembro-me de tudo... Desde o momento em que acordei...
Aquela maldita sexta-feira de exame de Biofísica... Aquela bendita sexta-feira que me traria de volta a casa não só de fim de semana mas para uma semana de férias (embora tivesse de estudar)... Aquela sexta-feira em que recebi o jornal que oferecem à entrada/saída da estação de S. Bento... Aquela sexta-feira em que ao chegar a casa me disseste com um sorriso "Olha quem chegou!"... Estavas tu a começar a fazer o jantar... Arroz de marisco com polvo (visto tu saberes que eu não gosto de marisco)... Aquela maldita sexta-feira em que nos chateamos por causa da impressora. Aquela sexta-feira em que descemos eu, tu e o luís, juntos o elevador, todos com destinos diferentes... Eu ia ao café para depois ir para a capela pois tinha a oração do santíssimo pelos jsf; o Luís ia ao cinema com a Carla e a Beatriz; e tu ias à AltF4 por causa da impressora. Mal sabiamos nós que aquela sexta-feira nada tinha de normal... Que aquela sexta-feira ficaria para sempre nas nossas memórias... Que naquela sexta-feira os nossos destinos seriam mudados... Que naquela sexta-feira te perderiamos para sempre... Mãe... Aquela sexta-feira em que de manhã coloquei no exame a data de 31 de Janeiro de 2008, mas que era na realidade, sexta-feira 1 de Fevereiro de 2008...
E aqui estou eu... Como o coração ferido, cheio de raiva... Continuo sem aceitar a partida que Deus nos pregou. Continuo a não aceitar o facto de não te ver nunca mais na vida... Apenas tenho de me conformar que a vida é assim... Mas não aceito. Será que Deus não sabia que eu não conseguiria viver sem ti?? Nestes 7 meses eu não tenho vivido... Tenho apenas existido. Tu eras a minha luz, mãe... Tu eras tudo para mim...
Mas porque será que hoje me sinto tão fraca?
Porque tinha de vir tua lembrança tão forte ao meu pensamento e ao meu coração?
Porque não me largam estas lágrimas que me queimam por dentro?
Estou quase a fazer anos... Há 26 anos estava eu prestes a nascer... A tua alegria... Uma menina como desejavas... Desculpa ter-te feito sofrer durante todos estes anos... Mas era a minha forma de mostrar o quanto te amava... Eu sei que parece maluquice... Mas era em ti que eu descontava toda a minha tristeza, frustração... Era em ti que descarregava toda a minha raiva... Mas tu sabias que eu só fazia isso porque te amava porque senão nem sequer te falava... E agora, mãe? Como sobrevivo? Guardo as coisas todas para mim, palavras, gestos, acções e lágrimas... Tenho saudades de te abraçar, de te dar um beijo, de te ver sorrir... Simplesmente tenho saudades de ti...
De que me adianta estar aqui a tentar falar-te? Não me vais ouvir nem responder de qualquer forma... Por isso, para quê tudo isto? Bem, mãe... Adoro-te... Amo-te... E não o disse...

Apetece-me gritar... A dor é tão forte...

1 comentário:

  1. Só não chorei no fim desta leitura porque consegui ver no meu pensamento o teu rosto, o teu sorriso e toda a alegria que mesmo assim manténs nos teus olhos, nas tuas palavras de amiga... Enfim, és uma pessoa muito especial. Uma amiga muito querida que eu tive o privilégio de conhecer nesta nossa primeira semana missionária que de tantos momentos comoventes viveu! Momentos não tão profundos como outros, como tu sabes... Mas momentos felizes como outros que tu conheces bem e guardas no teu coração! São esses momentos que fazem de ti a pessoa que és! Uma pessoa LINDA!

    Um grande beijinho desta tua amiga, que mesmo longe não se esquece de ti... :)

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